Contexto digital, onde mais cresce a circulação de músicas, foi determinante para a atualização; com a mudança, geração do código será centralizada mundialmente pela Cisac, o que dará agilidade e eficácia à cobrança de direitos autorais
Num mundo onde o uso de músicas no âmbito digital vive uma expansão vertiginosa, uma mudança anunciada nesta quinta-feira (24) pela Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores (Cisac) vai provocar uma grande melhora na identificação de cada obra. Acaba de estrear o novo código ISWC (código internacional padrão de obra, na sigla em inglês), espécie de “carteira de identidade” de uma obra musical. Esse número, que vinha sendo emitido por diferentes sociedades de autores musicais em cada país – o que, apesar dos esforços pela padronização, estava sujeito a erros ou duplicações -, agora é feito centralizadamente pela Cisac.
Um esforço de dois anos no desenvolvimento e na implantação de uma nova tecnologia pela entidade que reúne as associações de gestão coletiva de direitos autorais foi o que permitiu a novidade.
Trata-se da primeira grande mudança no sistema ISWC em 15 anos, um período no qual, segundo a Cisac, mais de 50 milhões de ISWCs foram emitidos. Agora, a identificação das obras será mais acurada e rápida, o que permitirá às sociedades de autores que cobram e repassam os direitos autorais aos titulares controlar seu uso com um nível de eficiência inédito. Desde julho, mais de cem dessas entidades, das 232 que integram a Cisac – a União Brasileira de Compositores (UBC) entre elas -, já migraram para o novo sistema, desenvolvido pela empresa irlandesa Spanish Point Technologies . Em breve, o novo sistema será oferecido à comunidade dos editores musicais e às plataformas digitais.
Só em 2019, as receitas das sociedades que compõem a Cisac com o streaming musical cresceu 27%, para € 2,1 bilhões. Nos últimos cinco anos, o faturamento nesse segmento quase triplicou, e não há razão para crer que haverá uma desaceleração. Ao contrário. “Compositores e autores dependem mais do que nunca das receitas digitais. Precisam que a tecnologia trabalhe para ajudá-los a receber sua remuneração. O ISWC é um dos identificadores mais importantes da indústria musical, por isso é um prazer anunciar essa atualização. Ela permitirá monitorar os usos das obras de uma maneira melhor e mais eficaz, ajudando a colocar mais dinheiro, e mais rapidamente, no bolso dos criadores de música”, disse Björn Ulvaeus, o famoso compositor sueco (ex-membro do grupo Abba) que é presidente da Cisac .
Presidente do Conselho de Administração da Cisac, Marcelo Castello Branco, que também é diretor-executivo da UBC, reforçou a agilidade que o novo ISWC propiciará num contexto de uso de músicas no mundo digital: “Uma indústria musical dinâmica global precisa, mais do que nunca, monitorar, adaptar e melhorar constantemente as ferramentas de que dispomos para assegurar uma remuneração rápida e acurada aos criadores e outros players do mercado no mundo todo. Era um imperativo para a Cisac dar forma a um ISWC atualizado que responda solidamente aos desafios crescentes e imparáveis do streaming musical.”
Diferentemente do que ocorre hoje, quando a atribuição de um novo número ISWC depende de todo um processo de registro de uma obra, o novo sistema permite a criação quase instantânea. Isso permitirá que os códigos estejam disponíveis para uso por todos os parceiros da cadeia musical (editores, subeditores, serviços digitais) em algumas horas após um lançamento. Assim, uma canção usada no Spotify, na Amazon ou na Apple Music, por exemplo, poderá ser monetizada sem demoras.
Gadi Oron, diretor geral da Cisac, ressaltou que a centralização dos dados na própria entidade poupará às sociedades de autores, que vinham fazendo o registro até agora, tempo e esforços. “O novo sistema representará uma grande economia de tempo e custos para todos os envolvidos. E, o mais importante: garantirá melhores pagamentos de direitos autorais aos criadores. Estamos trabalhando com todos os nossos parceiros do setor musical para garantir que a atualização seja logo usada, de forma universal, por todo o mercado.”
* Com informações da Cisac